Já aviso que o post é grande!

Conforme disse no texto anterior, hoje anotei no caderno da pós o que pensei em escrever pra vocês:

Hoje pela manhã, no caminho para minha pós graduação, que fica na R. Consolação, ao som de Madeleine Peyroux cantando a versão original de “La vie em rose”, percebi que não há cidade ou lugar que fique feio ao som de uma boa música. Assim como sempre digo que não há ambiente que não fique charmoso iluminado apenas por uma meia luz.

O trajeto que eu faço para o curso, todas segundas e quartas, atravessa boa parte do famoso “minhocão” e como “eu vou de táxiiiii”, posso ficar admirando as coisas que vem e vão ao meu redor. Como nem sempre estou com vontade de tagarelar com o taxista, até mesmo com o meu taxista/psicólogo preferido (além do que ainda são 7:30 am e normalmente eu durmo depois ou durante o Jô Soares), levo meu Ipod para fugir desse compromisso.

Então, voltando ao meu trajeto...o minhocão virou minha referência de que moro numa cidade grande e não mais numa ilha mágica. E sobre o lance da música que falei ali em cima quer dizer que tudo depende de com que olhos você vê as coisas. Na primeira vez que atravessei o minhocão indo para a pós confesso que senti um gelo na barriga, do tipo: “Caracas, agora é de verdade, estou morando em São Paulo”. Com o tempo aprendi a aproveitar o caminho para ficar observando os apartamentos perto dali, em geral mais antigos. Quem me conhece sabe que adoro ficar olhando pela janela para dentro dos apartamentos e casas para tentar entender a vida de cada um. Se você não estiver escutando uma boa música ou não tentar enxergar o lado bom daquilo, realmente só enxerga prédios feios, sujos e velhos!

Um breve comentário: lembro uma vez, sobre o que escrevi ali em cima a respeito de ambientes na meia luz, voltando de carro com a família de Buenos Aires, passando à noite por uma cidadezinha no Uruguai, percebi que todas as casas eram iluminadas por abajures. Lembro ainda que comentei tal fato no carro e minha mãe disse que a exigência dos uruguaios e argentinos para alugarem casa na praia em Floripa, era que as mesmas possuíssem abajures. Sabe que me identifiquei com eles, pelo menos nesse ponto...hahaha. Sempre adorei ficar em hotéis por causa disso, todos possuem apenas abajures ou aquelas luzes fracas na parede. Hoje moro num flat e sinto muito falta de luz para ler à noite! Vai entender...hahaha.

Perdi-me nos assuntos.

Depois de escrever esse texto pela manhã, vivi outra experiência em relação a viver em cidade grande. Como já disse anteriormente em outros desabafos, aqui em São Paulo estou aprendendo a me virar. Em razão de eu ainda não ter carro aqui, cada coisa que tenho que fazer exige toda uma programação específica. Por exemplo, hoje eu tinha que fazer a matricula do aulão que vai ter sexta para prova da OAB e essa matricula podia ser feita somente na R. Bela Cintra na Consolação. Depois eu tinha que ir aos correios mandar um presente pro Marco, já que amanhã é aniversário dele e eu vou estar aqui (;/). Aí eu inventei de usar o transporte público, pra além de economizar no táxi (já que eu só uso esse meio de transporte aqui e gasto um dinheirão por isso), aprender a me virar aqui. Então depois da pós começou a minha aventura. Minha amiga me deu carona até a Bela Cintra, onde fiz a minha matrícula. Depois descobri um Correio ali perto, onde postei o sedex! De lá caminhei até a Av. Paulista aonde peguei o metrô Consolação e fui até a Vila Madalena, que é a estação mais perto da minha casa. Isso tudo lendo as instruções e perguntando o que eu não sabia. O metrô pra mim é tranqüilo porque sempre o utilizei quando vinha pra São Paulo à passeio. Só não uso mais, porque os lugares pra onde eu vou não tem estação. Enfim, aí a minha idéia era largar nessa estação e pegar um táxi, que teria só que cruzar toda uma avenida pra chegar na minha casa. Mas decidi ir além e pegar um ônibus...hahaha. Pareço uma patricinha falando né? Juro que tudo que eu não sou é fresca! Mas é que pra mim me virar por aqui é muito novo! Então sentei num ponto de ônibus e parei o primeiro que passou. Morrendo de vergonha perguntei se ia pra onde eu queria. O motorista muito mal humorado respondeu que não e fechou a porta na minha cara. Ok, entendo, já que ele só parou pra eu perguntar isso e nem subir no ônibus. Aí fiquei esperando e uma senhora sentou no ponto. Perguntei e ela me ajudou, muito querida. Entrei no próximo ônibus junto com ela e pedi para a cobradora, que estava super entretida numa palavra cruzada, me avisar quando chegasse o meu ponto. E assim cheguei em casa por apenas R$ 5,00!!!! Mesmo indo a vários lugares! Adorei! E levei menos de uma hora!

p.s. no caminho do ponto de ônibus pra minha casa descobri que a pastelaria aqui do lado pegou fogo ontem à noite! Fiquei chocada, ainda ontem fiquei olhando pra ela e hoje ela tinha sumido! Queimou tudinho! Coisa mais triste!

Falei besteira? Deixo o resto pra outro dia que agora preciso continuar estudando pra OAB!