Ser mãe é nunca se acostumar, tanto com coisas ruins mas principalmente com as surpresas deliciosas que nossos filhos nos proporcionam.
Nós nunca nos acostumamos a dormir pouco mas também nunca nos acostumamos com os sorrisos repentinos. Eles sempre nos pegam de surpresa e nos deixam bobas,bobas.
O João está cada dia mais esperto. Não é coisa de mãe exibida não, mas o João é muito adiantado com relação à fala. Ele ainda vai fazer dois anos e já fala TUDO! E eu não estou me referindo a "mama" e "papa". João tem um vasto vocabulário, que incluem verbos (conjugados) como subir, descer, abrir, fechar, pendurar, segurar, ajudar, pegar (sempre conjugado como pegue e não pega), parar, coçar, doer e mais outros tantos. Já fala frases inteiras e fáceis de entender como a que ele largou hoje:
- Vovó ando de vião e toce pesente.
Eu e maridex nos olhamos, afinal isso foi semana passada (ainda não me acostumei que meu filho já tem memória). Daí desafiei:
- O que a vovó trouxe filho?
- Livo Parati, Patatá.
Ai, esmago!
Um dia, levando ele pra escolinha, contei que na semana seguinte nós íamos viajar de avião pra São Paulo. Contei só uma vez. No dia seguinte perguntei pra onde o João ia de avião. Ele:
- Sun Paulo.
E agora repete isso pra todo mundo.
O mais básico que ele responde há séculos e aonde a mamãe trabalha.
- Utel (Hotel para os leigos).
Ele já me conta o que fez na escola, se caiu, se chorou, se cantou e o que cantou. Canta músicas sozinho, baixinho, enquanto brinca.
Hoje mexendo num livrinho que ele tem há séculos e no qual antes todos os bichos marinhos eram chamados por ele simplesmente de peixe, hoje já recebem seus nomes verdadeiros. Como "gofinho bunitinho piquinininho" (acompanhado de uma risadinha fofa), "calanguejo", "povo", "coba" (do mar no caso), "mainho" (seria cavalo marinho e depois sempre vez seguido de um galope), "osta".
E a novidade mais que esperada por mim durante esses quase dois anos....DAR NOME ÀS DORES!!! Esses dias ele estava com dor de barriga e com uma cara de dó total disse: "Mamane, doendo a baiga" e botava a mãozinha perto do umbigo. Alguém tem noção do tanto que eu esperei por esse momento? João sofreu de cólicas (em virtude da intolerância a lactose) a vida inteira mas eu nunca tinha certeza do que ele exatamente estava doendo. Uma vez levei no plantão jurando que eram gases e era uma otite feia. Bola fora hein Juliana? Mas acontece minhas caras, as mães me entendem!
A cada machucadinho ele vem fazendo cara de dengo e pede beijinho. E é impressionante como minha boca é santa. Beijei, sarou e ele sorriu. Simples assim. E se eu faço dodói, ele também quer dar beijinho. Uma vez cortei o pé e tive que segurar ele bem rápido, antes que desse um beijo naquela poça de sangue. Querido né...mas vai que ele começa a querer assistir Crepúsculo, deusolivre (Cospe Juliana, cospe pra cima que ele ainda vai ser dos mais fãs).
Então era isso. Confesso que a frase do começo do texto é um pouco mentirosa, pra criar um efeito bonito, porque dormir pouco acostuma de uma certa forma. Na verdade aprendemos a ir levando, afinal o mundo não para porque estamos com olheiras imensas e quase chorando de tanto sono.
Mas com os carinhos repentinos eu ainda não acostumei. Esses dias João no meio de umas cambalhotas na minha cama, parou, olhou e disse: "Mamane, ti amu". E quem disse que eu quero acostumar com essas demonstrações do amor maior do mundo?
E o meu antigo pé de bisnaguinha já toma formas de pé de um meninão.
beijo beijo

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