O primeiro post do ano de 2010, que chamo de o “ano da minha vida”, tem de ser muito especial, por isso preciso me concentrar.
Desde que vim aqui pra minha casa de praia, pensei em várias ideias de assuntos sobre essa fase da minha vida pra expor pra vocês. Ficava refletindo, filosofando e cheguei a algumas conclusões.
Não sei se vocês sabem mas o Marco viajou no dia 25 de dezembro e voltou no dia 02 de janeiro. Ele foi fazer um cruzeiro com os pais e a irmã dele pra assistir os fogos da virada no Rio. Sei que todo mundo se pergunta por que eu não fui. Eles já tinham comprado essa viagem antes da gravidez e quando eu decidi ir, lá por outubro, já não valia mais a pena pois eu teria que comprar uma cabine inteira pra mim. Enfim, fora a questão de eu ficar 1 semana dentro de um navio, etc. Então fiquei aqui em Jurerê com a minha family. Confesso que os dois primeiros dias, principalmente à noite, foi bem difícil por causa da saudade e tal, mas depois vim pra praia e com toda a família aqui o tempo passou mais rápido. Quando a gente mora com alguém, ficar longe dessa pessoa é 10 vezes mais doído. Fora que como fomos pra Caxias no Natal, estávamos literalmente grudados e super felizes, o que tornava a saudade maior ainda. Enfim...agora vamos aos detalhes de tudo isso.
No dia 31 de dezembro às 6:15 da manhã acordei me sentindo mal. Fui pro banheiro e o resto vocês sabem. Assim fiquei até umas 9:30 da manhã. O problema não era nem o vô...... e o piri...., mas a cólica terrível que eu sentia. Eu urrava de dor e não sabia mais o que fazer. Minha mãe e minha irmã ficavam do meu lado agoniadas, então decidiram me levar pra maternidade. Eu sabia que isso não tinha nada a ver com a gravidez, mas como com a dor o João Pedro não parava de se mexer e eu já estava muito desidratada, escolhemos ver o que estava acontecendo. Coloquei um vestido, calcei um chinelo e munida de papel toalha e sacola de supermercado pegamos a SC e fomos pra clínica Jane. Nesse dia eu sabia que o navio do Marco estava indo em direção ao Rio de Janeiro, portanto, não conseguiria contato com ele via Nextel, mas mesmo assim ficava tentando. Nessa horas a saudades aumenta pois é ele quem vem segurando as minhas barras, limpando meus vô....., ouvindo as minhas reclamações de dores, me levando pra maternidade em emergências. É meninas, por isso vivo frisando pra vocês começarem a olhar seus namorados com outros olhos. Nunca se sabe se isso que aconteceu comigo não vai acontecer com vocês e um companheiro parceiro (desculpem o pleonasmo) nessas horas é tudo! Graças a Deus eu tenho um que vale ouro.
Cheguei na Jane com a minha mãe e nem conseguia ficar em pé no balcão, logo me sentei e a moça veio até mim pra eu assinar a ficha. Entre uma contração intestinal e outra, conversei com uma grávida do meu lado que estava com 40 semanas, 3 dias e nenhuma contração. Dei risada com um bebê lindo de 6 meses que também estava ali na recepção. Minha mãe pegava o bebê, beijava, beijava, bem boba. Todos ficaram agoniados com a minha dor mas ninguém podia fazer nada. E eu sofrendo em silêncio porque odeio escândalos. Respirava fundo, torcia o pé, chorava, mas tudo em silêncio...hahaha. Como disse minha mãe, eu estava treinando pro dia do parto. Fui atendida uma meia hora depois. A médica fez o exame de toque, disse que não havia sinal de parto prematuro, que o João Pedro já estava de cabeça pra baixo e que eu provavelmente estava com uma infecção intestinal. Depois ela me encaminhou pra um quarto onde eu tomaria soro, dramin e buscopan, tudo na veia. Isso já era quase meio dia acho. Fiquei com pena da minha mãe porque ela tinha mil coisas pra organizar em Jurerê, minhas tias iam chegar de viagem e ela lá de chinelo na clínica comigo. Falei pra ela aproveitar o tempo do meu soro pra ir em casa no centro buscar o que tinha esquecido e tal. Daí fiquei sozinha com uma enfermeira que tinha acabado de começar (descobri isso só mais tarde). Depois que cheguei no quarto, a criatura, que era adorável mas muito atrapalhada, levou 45 minutos pra fazer pingar a porra do remédio na minha veia. Nesse meio tempo, eu fui algumas vezes no banheiro, chorei de dor, fui furada no braço direito de uma maneira doloridíssima (e eu não tenho qualquer problema com agulhas), sendo que ela não conseguiu fazer pingar o buscopan e o soro ao mesmo tempo. Meu braço direito inchou e ela teve que chamar outra enfermeira que furou o meu braço esquerdo em segundos e mais rápido ainda fez o remédio e o soro circularem dentro de mim. Eu juro que eu queria bater na primeira enfermeira. Chorava de raiva do lado dela porque quando a gente está com muita dor, foda-se o resto. Eu já estava há mais de 6 horas mal e ela se enrolando. Uma hora esquecia de buscar a agulha, noutra não sabia aonde estava não sei o que, noutra me furava errado. Caralho! Falei pra ela chamar outra pessoa. Enfim...desculpem o desabafo.
Fiquei ali quietinha sozinha e apaguei. Com o braço esquerdo imóvel pra não perder a veia, o direito ardendo de dor, os olhos inchados de tanto chorar, o cabelo bagunçado, um medo de ter vontade de ir no banheiro, fiquei pensando em como o último dia do meu ano estava sendo uma merda. Fui acordada por duas enfermeiras muito queridas que vieram escutar o coração do João Pedro. Gente, o menino deu um banho nelas. Não parava de se mexer e elas tinham que ficar um minuto escutando o coraçãozinho. Quando elas encontravam, o coração batia umas 3 vezes e ele glub, se virava. Eu bem sonolenta, ainda com muita dor, só ria de canto da boca. E elas me viravam e apertavam a minha barriga pra prender ele num canto e nada. No fim conseguiram escutar uns 40 segundos e viram que estavam tudo bem. Trocaram o soro e botaram dramin pra pingar na veia. Mais uma vez apaguei. Acordei com muita vontade de ir no banheiro, chamei uma enfermeira e ela me ajudou a arrastar o soro. Logo em seguida minha mãe chegou. Me colocaram de volta na cama, a médica veio ver como eu estava e como mesmo com os remédios eu ainda sentia muito dor, decidiu colocar um remédio mais forte, que tinha como efeitos colaterais, sono em excesso, boca seca e tonturas. Pensei: boa maneira de passar a virada do ano, dormindo, tonta e sem saliva alguma...ahahhaa. Mas o importante era a ausência da dor. Pode injetar! Ela disse que estava trocando o médico de plantão e que logo um novo médico viria me dar alta. Restringiu minha dieta a arroz, batata e maçã e me receitou alguns remédios. Assim que ela saiu do quarto minha mãe ligou pro meu tio que é médico do intestino. Enquanto ela falava com ele eu me virei na cama e vomitei uns 10 litros de água. Mesmo com dramin na veia, lá se foi todo o soro que eu tinha tomado. Depois disso tomei mais soro e umas 15h da tarde fui liberada cheia de restrições. Até a minha ida a festa de réveillon quase foi vetada, mas como era perto da minha casa em Jurerê fui liberada, mas não poderia comer e beber nada. Bem nesse finalzinho consegui contato com meu sogro, que ficou de encontrar o Marco no navio. Era aniver do sogrinho, que levou um susto quando eu disse que estava na maternidade. Logo o Marco me ligou apavorado achando que o filho ia nascer quando ele estava longe. Fiz aquela manha básica mas tive que desligar porque o médico tinha vindo me dar alta.
Depois da clínica voltamos pra Jurerê. A partir daí até ontem vivi a base de batata, arroz, maçã, água de côco, Gatorade e Coca cola. No dia da virada não pude comer nada da ceia além do arroz branco. Me arrumei entre uma ida ao banheiro e outra. Fui andando bem devagarzinho pra Shine, a festa aonde minha família passou o ano novo. Lá ficamos todos numa espécie de camarote. Quando digo família, refiro-me a vô, vó, tios, tias, primas, priminho, pai e mãe. Pensem em idosos, uma gestante e uma criança numa balada de réveillon...hahahaha. Alguma coisa teve graça na minha virada. Fiquei o tempo todo sentada, pra não correr o risco de ter que ir mais vezes no banheiro, de mau humor por não poder comer e nem beber nada que tinha na festa, por estar sem o Marco e por quase não conseguir falar com ele por causa das linhas congestionadas e do barulho, por não ter tido tempo de organizar algumas coisas nesse último dia do ano e por estar ainda meio dopada, com dor e confusa.
Well...já na contagem regressiva comecei a chorar e fui assim até o final da queima de fogos. Naqueles minutos lavei a alma e botei pra fora toda a tristeza que tinha me acometido naquele última dia do ano. Permiti-me chorar mesmo, não fiquei mal por estar assim logo quando teria que estar cheia de pensamentos positivos. Lembrei do filme “Verônica decide morrer”, que tinha assistido na semana passada (também já tinha lido o livro) e não me culpei por não entrar na onda que a sociedade nos impõe de sempre ter que estar sorrindo, achando o lado bom das coisas, pensando nas pessoas que tem sofrimentos de verdade. Chorei, chorei por tudo que eu passei no ano de 2009, as alegrias, os medos, as novidades. Depois cessei. Fui amparada por todo mundo que me abraçou, me beijou, me deu colo, me desejou coisas boas. Lembrei que carregava na barriga a coisa mais importante do mundo e que o ano de 2010 seria o melhor ano da minha vida. Coloquei minhas duas mãos no ventre e botando os pés no chão de novo fiz apenas um pedido, que o meu filho tivesse muita saúde e fosse muito feliz. Depois me despedi de todo mundo e antes da uma da manhã eu estava dormindo na minha cama, ainda com dor, mas aliviada que já era um ano novo.
Não comprei roupa nova, só uma calcinha pra não marcar no vestido, não comi lentilha, não comi uva, não joguei flores pra Iemanjá, não pulei as 7 ondas, mal vi os fogos porque logo depois da virada tive que ir no banheiro, não bebi champanhe, não fiz pedidos, não pensei em coisas boas na hora da virada, mas mesmo assim, mesmo não tendo seguido qualquer ritual que essa data pede, tenho certeza que em 2010 vou ser muito feliz.
No primeiro dia do ano passei o dia em casa com toda a caravana, me recuperando ainda, só comendo coisa sem graça e dormindo. No segundo dia do ano desde cedo fiquei me preparando pra chegada do Marco. Pela manhã fui pra praia com toda a família...adoro casa cheia e fazia muito tempo que não tinha isso. À tarde fui pra praia com uma amiga pra depois vir arrumar o quarto pra receber o Amor. Com essa confusão toda não tive nem tempo de desfazer minha mala. Na metade da tarde o Marco disse que talvez não fosse chegar naquele mesmo dia. Ele falou que eles estavam ainda antes de BC e o engarrafamento estava gigantesco. Que eles estavam cansados e tal. Desliguei o telefone e fiquei muito triste. Naquele dia 2 de janeiro faríamos um ano de namoro e a saudades já era do tamanho do mundo. Desisti de arrumar o quarto, tomei um banho e fui com minha mãe e vó dar uma volta no centrinho ali de Jurerê. Ficamos ali e outros membros da família foram chegando. Eu comi um pão de queijo e tomei Coca, mas mesmo assim fui umas 4 vezes no banheiro. Isso já eram 20h. Sorte que eu tinha preferência na fila do banheiro porque se não......hahahaha. Vira e mexe o Marco passava um rádio dizendo aonde estava. Ainda não sabia se chegaria naquele dia ou no domingo. Eu tava muito triste mas não tinha o que fazer. Fui a quinta vez no banheiro e quando estava voltando pra mesa ele me passou um rádio perguntando aonde eu tava, o que estava fazendo e tal. Quando eu sentei na mesa meu tio ainda comentou o tanto de rádio que o Marco passava pra mim. Daí ele passou mais uma vez e eu comecei a rir. Ele perguntou denovo aonde eu estava e eu comecei a desconfiar. Nem respondi e comecei a olhar em volta e o vi caminhando na minha direção. Não sabia se chorava, se dava um sono nele. Levantei da mesa e ninguém entendeu nada, saí xingando Deus e o mundo e quando vi o Marco dei um tapa nele. Mas óbvio que depois grudei e não soltei mais. Gente, é muito difícil alguém me fazer uma surpresa porque eu sou muito ligada nas coisas....hahaha. Ele disse que fez isso porque se não eu ia ficar incomodando pra ele vim logo pra Jurerê depois que chegasse de viagem. E ele ainda tinha que ir em casa pegar umas roupas, a prancha e comprar uma flor pra mim.
Pronto....todas as coisas chatas que tinham me acontecido eram passado. Essa surpresa valeu demais. Apesar de ter ficado braba porque eu tinha ficado triste a tarde toda porque talvez ele só fosse voltar no domingo, adorei não ter criado expectativa. Eu queria ter me arrumado mais, ter passado mais perfume, ter arrumado o quarto, mas tinha ficado tão desanimada que desisti de tudo isso. Foi tão bom apertar, abraçar, esmagar. Na hora que encontrei o Bigo no meio do calçadão ele se abaixou e beijou minha barriga. Não existe dinheiro no mundo que pague por esses momentos.
Acho que escrevi demais mas aproveitei o tempo sobrando e a inspiração.
Agora são 12:34 do dia 04 de janeiro. O Marco saiu aqui de Jurerê pra trabalhar de manhã e eu daqui a pouco vou lá no apê levar umas roupas pra lavar e ver como está tudo. Como não tem sol só voltamos pra cá amanhã, mas meus pais vão e voltam todo dia. AH, amanhã tenho chá de fralda da Mônica aqui em Jurerebs.
Tenho que começar a providenciar o quarto do neném porque o tempo passa voando. Essa semana faço 28 semanas, ou seja, faltam 12 semanas para o prazo final da gravidez.
João Pedro vem mexendo absurdamente!!!! Todo mundo já sentiu minha barriga.
Estou pretinha como um carvão e alguns quilos mais magra por conta da infecção.
Não vamos mais viajar pra Punta e BA porque minha médica não achou muito legal eu sair do país agora e meus pais não vão conseguir ficar uma semana longe do trabalho. Fiquei triste mas não tenho muita escolha, tudo pro João Pedro não nascer no Uruguai, Argentina ou RS (sorry family...hahahaha).
Estou muito feliz e cheia de planos.
Logo escrevo mais, agora tenho internet aqui na praia e mais tempo sobrando.
Rapidinhas:
- Semana passada assisti vários filmes, mas adorei: O menino do pijama listrado, Verônica decide morrer, Surpresas do Amor e Ensinando a viver ou Ensina-me a viver (acho que é isso, é um com a Cameron Diaz).
- Estou lendo “Melancia” em homenagem a minha gravidez.
- Comprei 2 dvd’s de Yôga pra começar a praticar em casa nessa reta final.
- João Pedro mexeu muito ao som de MV Bill.
- Recomendo o sushi Taikai que abriu em Jurerê Internacional, ao lado do Boteco da Ilha. Sentamos num lounge lá no canto e foi muito gostoso!
Beijocas gordas dupla e até mais.
Desde que vim aqui pra minha casa de praia, pensei em várias ideias de assuntos sobre essa fase da minha vida pra expor pra vocês. Ficava refletindo, filosofando e cheguei a algumas conclusões.
Não sei se vocês sabem mas o Marco viajou no dia 25 de dezembro e voltou no dia 02 de janeiro. Ele foi fazer um cruzeiro com os pais e a irmã dele pra assistir os fogos da virada no Rio. Sei que todo mundo se pergunta por que eu não fui. Eles já tinham comprado essa viagem antes da gravidez e quando eu decidi ir, lá por outubro, já não valia mais a pena pois eu teria que comprar uma cabine inteira pra mim. Enfim, fora a questão de eu ficar 1 semana dentro de um navio, etc. Então fiquei aqui em Jurerê com a minha family. Confesso que os dois primeiros dias, principalmente à noite, foi bem difícil por causa da saudade e tal, mas depois vim pra praia e com toda a família aqui o tempo passou mais rápido. Quando a gente mora com alguém, ficar longe dessa pessoa é 10 vezes mais doído. Fora que como fomos pra Caxias no Natal, estávamos literalmente grudados e super felizes, o que tornava a saudade maior ainda. Enfim...agora vamos aos detalhes de tudo isso.
No dia 31 de dezembro às 6:15 da manhã acordei me sentindo mal. Fui pro banheiro e o resto vocês sabem. Assim fiquei até umas 9:30 da manhã. O problema não era nem o vô...... e o piri...., mas a cólica terrível que eu sentia. Eu urrava de dor e não sabia mais o que fazer. Minha mãe e minha irmã ficavam do meu lado agoniadas, então decidiram me levar pra maternidade. Eu sabia que isso não tinha nada a ver com a gravidez, mas como com a dor o João Pedro não parava de se mexer e eu já estava muito desidratada, escolhemos ver o que estava acontecendo. Coloquei um vestido, calcei um chinelo e munida de papel toalha e sacola de supermercado pegamos a SC e fomos pra clínica Jane. Nesse dia eu sabia que o navio do Marco estava indo em direção ao Rio de Janeiro, portanto, não conseguiria contato com ele via Nextel, mas mesmo assim ficava tentando. Nessa horas a saudades aumenta pois é ele quem vem segurando as minhas barras, limpando meus vô....., ouvindo as minhas reclamações de dores, me levando pra maternidade em emergências. É meninas, por isso vivo frisando pra vocês começarem a olhar seus namorados com outros olhos. Nunca se sabe se isso que aconteceu comigo não vai acontecer com vocês e um companheiro parceiro (desculpem o pleonasmo) nessas horas é tudo! Graças a Deus eu tenho um que vale ouro.
Cheguei na Jane com a minha mãe e nem conseguia ficar em pé no balcão, logo me sentei e a moça veio até mim pra eu assinar a ficha. Entre uma contração intestinal e outra, conversei com uma grávida do meu lado que estava com 40 semanas, 3 dias e nenhuma contração. Dei risada com um bebê lindo de 6 meses que também estava ali na recepção. Minha mãe pegava o bebê, beijava, beijava, bem boba. Todos ficaram agoniados com a minha dor mas ninguém podia fazer nada. E eu sofrendo em silêncio porque odeio escândalos. Respirava fundo, torcia o pé, chorava, mas tudo em silêncio...hahaha. Como disse minha mãe, eu estava treinando pro dia do parto. Fui atendida uma meia hora depois. A médica fez o exame de toque, disse que não havia sinal de parto prematuro, que o João Pedro já estava de cabeça pra baixo e que eu provavelmente estava com uma infecção intestinal. Depois ela me encaminhou pra um quarto onde eu tomaria soro, dramin e buscopan, tudo na veia. Isso já era quase meio dia acho. Fiquei com pena da minha mãe porque ela tinha mil coisas pra organizar em Jurerê, minhas tias iam chegar de viagem e ela lá de chinelo na clínica comigo. Falei pra ela aproveitar o tempo do meu soro pra ir em casa no centro buscar o que tinha esquecido e tal. Daí fiquei sozinha com uma enfermeira que tinha acabado de começar (descobri isso só mais tarde). Depois que cheguei no quarto, a criatura, que era adorável mas muito atrapalhada, levou 45 minutos pra fazer pingar a porra do remédio na minha veia. Nesse meio tempo, eu fui algumas vezes no banheiro, chorei de dor, fui furada no braço direito de uma maneira doloridíssima (e eu não tenho qualquer problema com agulhas), sendo que ela não conseguiu fazer pingar o buscopan e o soro ao mesmo tempo. Meu braço direito inchou e ela teve que chamar outra enfermeira que furou o meu braço esquerdo em segundos e mais rápido ainda fez o remédio e o soro circularem dentro de mim. Eu juro que eu queria bater na primeira enfermeira. Chorava de raiva do lado dela porque quando a gente está com muita dor, foda-se o resto. Eu já estava há mais de 6 horas mal e ela se enrolando. Uma hora esquecia de buscar a agulha, noutra não sabia aonde estava não sei o que, noutra me furava errado. Caralho! Falei pra ela chamar outra pessoa. Enfim...desculpem o desabafo.
Fiquei ali quietinha sozinha e apaguei. Com o braço esquerdo imóvel pra não perder a veia, o direito ardendo de dor, os olhos inchados de tanto chorar, o cabelo bagunçado, um medo de ter vontade de ir no banheiro, fiquei pensando em como o último dia do meu ano estava sendo uma merda. Fui acordada por duas enfermeiras muito queridas que vieram escutar o coração do João Pedro. Gente, o menino deu um banho nelas. Não parava de se mexer e elas tinham que ficar um minuto escutando o coraçãozinho. Quando elas encontravam, o coração batia umas 3 vezes e ele glub, se virava. Eu bem sonolenta, ainda com muita dor, só ria de canto da boca. E elas me viravam e apertavam a minha barriga pra prender ele num canto e nada. No fim conseguiram escutar uns 40 segundos e viram que estavam tudo bem. Trocaram o soro e botaram dramin pra pingar na veia. Mais uma vez apaguei. Acordei com muita vontade de ir no banheiro, chamei uma enfermeira e ela me ajudou a arrastar o soro. Logo em seguida minha mãe chegou. Me colocaram de volta na cama, a médica veio ver como eu estava e como mesmo com os remédios eu ainda sentia muito dor, decidiu colocar um remédio mais forte, que tinha como efeitos colaterais, sono em excesso, boca seca e tonturas. Pensei: boa maneira de passar a virada do ano, dormindo, tonta e sem saliva alguma...ahahhaa. Mas o importante era a ausência da dor. Pode injetar! Ela disse que estava trocando o médico de plantão e que logo um novo médico viria me dar alta. Restringiu minha dieta a arroz, batata e maçã e me receitou alguns remédios. Assim que ela saiu do quarto minha mãe ligou pro meu tio que é médico do intestino. Enquanto ela falava com ele eu me virei na cama e vomitei uns 10 litros de água. Mesmo com dramin na veia, lá se foi todo o soro que eu tinha tomado. Depois disso tomei mais soro e umas 15h da tarde fui liberada cheia de restrições. Até a minha ida a festa de réveillon quase foi vetada, mas como era perto da minha casa em Jurerê fui liberada, mas não poderia comer e beber nada. Bem nesse finalzinho consegui contato com meu sogro, que ficou de encontrar o Marco no navio. Era aniver do sogrinho, que levou um susto quando eu disse que estava na maternidade. Logo o Marco me ligou apavorado achando que o filho ia nascer quando ele estava longe. Fiz aquela manha básica mas tive que desligar porque o médico tinha vindo me dar alta.
Depois da clínica voltamos pra Jurerê. A partir daí até ontem vivi a base de batata, arroz, maçã, água de côco, Gatorade e Coca cola. No dia da virada não pude comer nada da ceia além do arroz branco. Me arrumei entre uma ida ao banheiro e outra. Fui andando bem devagarzinho pra Shine, a festa aonde minha família passou o ano novo. Lá ficamos todos numa espécie de camarote. Quando digo família, refiro-me a vô, vó, tios, tias, primas, priminho, pai e mãe. Pensem em idosos, uma gestante e uma criança numa balada de réveillon...hahahaha. Alguma coisa teve graça na minha virada. Fiquei o tempo todo sentada, pra não correr o risco de ter que ir mais vezes no banheiro, de mau humor por não poder comer e nem beber nada que tinha na festa, por estar sem o Marco e por quase não conseguir falar com ele por causa das linhas congestionadas e do barulho, por não ter tido tempo de organizar algumas coisas nesse último dia do ano e por estar ainda meio dopada, com dor e confusa.
Well...já na contagem regressiva comecei a chorar e fui assim até o final da queima de fogos. Naqueles minutos lavei a alma e botei pra fora toda a tristeza que tinha me acometido naquele última dia do ano. Permiti-me chorar mesmo, não fiquei mal por estar assim logo quando teria que estar cheia de pensamentos positivos. Lembrei do filme “Verônica decide morrer”, que tinha assistido na semana passada (também já tinha lido o livro) e não me culpei por não entrar na onda que a sociedade nos impõe de sempre ter que estar sorrindo, achando o lado bom das coisas, pensando nas pessoas que tem sofrimentos de verdade. Chorei, chorei por tudo que eu passei no ano de 2009, as alegrias, os medos, as novidades. Depois cessei. Fui amparada por todo mundo que me abraçou, me beijou, me deu colo, me desejou coisas boas. Lembrei que carregava na barriga a coisa mais importante do mundo e que o ano de 2010 seria o melhor ano da minha vida. Coloquei minhas duas mãos no ventre e botando os pés no chão de novo fiz apenas um pedido, que o meu filho tivesse muita saúde e fosse muito feliz. Depois me despedi de todo mundo e antes da uma da manhã eu estava dormindo na minha cama, ainda com dor, mas aliviada que já era um ano novo.
Não comprei roupa nova, só uma calcinha pra não marcar no vestido, não comi lentilha, não comi uva, não joguei flores pra Iemanjá, não pulei as 7 ondas, mal vi os fogos porque logo depois da virada tive que ir no banheiro, não bebi champanhe, não fiz pedidos, não pensei em coisas boas na hora da virada, mas mesmo assim, mesmo não tendo seguido qualquer ritual que essa data pede, tenho certeza que em 2010 vou ser muito feliz.
No primeiro dia do ano passei o dia em casa com toda a caravana, me recuperando ainda, só comendo coisa sem graça e dormindo. No segundo dia do ano desde cedo fiquei me preparando pra chegada do Marco. Pela manhã fui pra praia com toda a família...adoro casa cheia e fazia muito tempo que não tinha isso. À tarde fui pra praia com uma amiga pra depois vir arrumar o quarto pra receber o Amor. Com essa confusão toda não tive nem tempo de desfazer minha mala. Na metade da tarde o Marco disse que talvez não fosse chegar naquele mesmo dia. Ele falou que eles estavam ainda antes de BC e o engarrafamento estava gigantesco. Que eles estavam cansados e tal. Desliguei o telefone e fiquei muito triste. Naquele dia 2 de janeiro faríamos um ano de namoro e a saudades já era do tamanho do mundo. Desisti de arrumar o quarto, tomei um banho e fui com minha mãe e vó dar uma volta no centrinho ali de Jurerê. Ficamos ali e outros membros da família foram chegando. Eu comi um pão de queijo e tomei Coca, mas mesmo assim fui umas 4 vezes no banheiro. Isso já eram 20h. Sorte que eu tinha preferência na fila do banheiro porque se não......hahahaha. Vira e mexe o Marco passava um rádio dizendo aonde estava. Ainda não sabia se chegaria naquele dia ou no domingo. Eu tava muito triste mas não tinha o que fazer. Fui a quinta vez no banheiro e quando estava voltando pra mesa ele me passou um rádio perguntando aonde eu tava, o que estava fazendo e tal. Quando eu sentei na mesa meu tio ainda comentou o tanto de rádio que o Marco passava pra mim. Daí ele passou mais uma vez e eu comecei a rir. Ele perguntou denovo aonde eu estava e eu comecei a desconfiar. Nem respondi e comecei a olhar em volta e o vi caminhando na minha direção. Não sabia se chorava, se dava um sono nele. Levantei da mesa e ninguém entendeu nada, saí xingando Deus e o mundo e quando vi o Marco dei um tapa nele. Mas óbvio que depois grudei e não soltei mais. Gente, é muito difícil alguém me fazer uma surpresa porque eu sou muito ligada nas coisas....hahaha. Ele disse que fez isso porque se não eu ia ficar incomodando pra ele vim logo pra Jurerê depois que chegasse de viagem. E ele ainda tinha que ir em casa pegar umas roupas, a prancha e comprar uma flor pra mim.
Pronto....todas as coisas chatas que tinham me acontecido eram passado. Essa surpresa valeu demais. Apesar de ter ficado braba porque eu tinha ficado triste a tarde toda porque talvez ele só fosse voltar no domingo, adorei não ter criado expectativa. Eu queria ter me arrumado mais, ter passado mais perfume, ter arrumado o quarto, mas tinha ficado tão desanimada que desisti de tudo isso. Foi tão bom apertar, abraçar, esmagar. Na hora que encontrei o Bigo no meio do calçadão ele se abaixou e beijou minha barriga. Não existe dinheiro no mundo que pague por esses momentos.
Acho que escrevi demais mas aproveitei o tempo sobrando e a inspiração.
Agora são 12:34 do dia 04 de janeiro. O Marco saiu aqui de Jurerê pra trabalhar de manhã e eu daqui a pouco vou lá no apê levar umas roupas pra lavar e ver como está tudo. Como não tem sol só voltamos pra cá amanhã, mas meus pais vão e voltam todo dia. AH, amanhã tenho chá de fralda da Mônica aqui em Jurerebs.
Tenho que começar a providenciar o quarto do neném porque o tempo passa voando. Essa semana faço 28 semanas, ou seja, faltam 12 semanas para o prazo final da gravidez.
João Pedro vem mexendo absurdamente!!!! Todo mundo já sentiu minha barriga.
Estou pretinha como um carvão e alguns quilos mais magra por conta da infecção.
Não vamos mais viajar pra Punta e BA porque minha médica não achou muito legal eu sair do país agora e meus pais não vão conseguir ficar uma semana longe do trabalho. Fiquei triste mas não tenho muita escolha, tudo pro João Pedro não nascer no Uruguai, Argentina ou RS (sorry family...hahahaha).
Estou muito feliz e cheia de planos.
Logo escrevo mais, agora tenho internet aqui na praia e mais tempo sobrando.
Rapidinhas:
- Semana passada assisti vários filmes, mas adorei: O menino do pijama listrado, Verônica decide morrer, Surpresas do Amor e Ensinando a viver ou Ensina-me a viver (acho que é isso, é um com a Cameron Diaz).
- Estou lendo “Melancia” em homenagem a minha gravidez.
- Comprei 2 dvd’s de Yôga pra começar a praticar em casa nessa reta final.
- João Pedro mexeu muito ao som de MV Bill.
- Recomendo o sushi Taikai que abriu em Jurerê Internacional, ao lado do Boteco da Ilha. Sentamos num lounge lá no canto e foi muito gostoso!
Beijocas gordas dupla e até mais.
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